A elaboração e implementação de políticas públicas para intervir nos centros históricos suscitam debates em diversas áreas científicas, tendo o campo dos Estudos do Património um papel de destaque nesse contexto de discussão multidisciplinar. Situando-se nesse debate, o presente artigo propõe um novo par de noções para discutir de modo crítico as práticas de intervenção patrimonial nos centros históricos: o modelo da cidade-arquivo e o modelo da cidade-arquivovivo. O par de noções é construído partindo dos subsídios teóricos apresentados pela antropóloga Barbara Kirshenblatt-Gimblett no seu estudo a respeito do caráter meta-cultural do património e, em simultâneo, corrobora o entendimento (de fundo antropológico) do património cultural enquanto entidade com dimensões tangíveis e intangíveis que são indissociáveis. No final do texto, procura-se demonstrar a aplicabilidade dos dois modelos de intervenção patrimonial propostos a partir da consideração de um estudo de caso: o centro histórico de Salvador (Bahia), no Brasil.