O mosteiro de Santa Maria de Alcobaça é a expressão física e histórica mais forte de um território que, genericamente, identificamos com o concelho de Alcobaça. No entanto, nessa faixa territorial entre o Maciço Calcário Estremenho e o Oceano Atlântico, o homem deixou um conjunto perene de marcas, quase todo por explorar, do ponto de vista científico e, subsequentemente, em termos de valorização cultural. Entre estas marcas do homem, evidenciam-se as realizações de Cister, na paisagem agrária e nas expressões da religiosidade. Mas, discretos, subjazem vestígios, neste caso, do universo da arqueologia, que teimam em não se revelar. Recorrendo a alguns exemplos de trabalhos e de contextos históricos, essencialmente de acompanhamentos de obras, pretende-se sublinhar duas questões fundamentais. Por um lado, a importância e a dimensão, do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça não podem ser entendidas sem um aprofundado entendimento daquilo que foi a exploração do território envolvente e que, neste, resistem aspetos patrimoniais que devem merecer a maior atenção. Por outro lado, há a necessidade de valorizar outras facetas do património cultural de Alcobaça, mais especificamente o arqueológico, e de demonstrar que existe uma longa história antes de Cister, que merece um lugar de memória e cujo estudo e a fruição poderiam ser potenciados pela existência de um ícone patrimonial, como o é o mosteiro. Afinal, este constitui uma âncora que pode funcionar em dois sentidos: conferir vigor à diversidade patrimonial de Alcobaça ou, pela sua “omnipresença”, simplesmente submergi-la.