O complexo industrial monástico indissociável da arquitetura agrária e da distribuição espacial dos frutos da terra encontra-se soberanamente representado nas granjas e quintas que o mosteiro explorava diretamente ou dava de foro. Assim arrecadavam-se os frutos de lavra própria ou de terceiros no âmbito da economia senhorial, transformava-se a azeitona em azeite, as uvas em vinho, os cereais em farinha. A instalação de unidades industriais para além de considerar a proximidade geográfica da exploração e a facilidade de controlo por parte da instituição que exercia o direito de monopólio, respondia, igualmente, ao critério da energia, tal situação implicava um aproveitamento eficaz das linhas de água que sulcavam o território. A vantagem do motor hidráulico explica que o rio Alcoa, o único curso de água de regime permanente, recebesse os principais assentamentos industriais. Mas nem todas as unidades podiam beneficiar da força das águas, nomeadamente os lagares que estavam adstritos aos olivais que enfeitam a charneca serrana e cuja força motriz dependia do gado de canga. Entre os finais do século XIX e as primeiras décadas do século XX assiste-se ao abandono e destruição deste património industrial, em virtude da natural obsolescência tecnológica ou da tomada do seu espaço de implantação por outras indústrias. Temos como objetivo da presente comunicação analisar algum deste património que se filia na arqueologia industrial em articulação com o espaço e tela agrária que lhe servia de referente. Pretendemos ainda suscitar interesse a uma visita a este património ameaçado, dar-lhe visibilidade e, eventualmente, contribuir para a sua ulterior qualificação.