UM ENSAIO SOBRE AS IDENTIDADES SOCIAIS DESPEDAÇADAS PELA MODERNIZAÇÃO NO BRASIL DOS SÉCULOS XIX E XX

Luiz Antonio Pacheco Queiroz e Willian Carboni Viana

No Brasil dos séculos XIX e XX a apropriação do patrimônio cultural e sua categorização dentro dos parâmetros de formação de uma nacionalidade, imposta pelas elites nacionais, estiveram atreladas aos desígnios da modernidade que fragmentaram identidades sociais. As circunstâncias que consolidaram a sustentação do quadro social criado, desde então, tiveram a teoria da modernização enquanto mediadora das novidades. Nas cidades mais populosas as reformas urbanas levaram ao deslocamento de pessoas, geralmente de classes sociais mais baixas, para outros locais, em especial por influência das aspirações do novo e melhor habitável com a destruição do antigo. Nesse período, as elites brasileiras exerceram o controle social com a regulamentação do uso do espaço social, sem considerar a escolha dos habitantes e frequentadores dos lugares que seriam transformados, posicionando os indivíduos nos espaços geográficos através das posses, o que configurou a paisagem de muitos centros urbanos. Não houve consulta ao povo para decidir a orientação do que era público e do que tornar privado, mas sim uma tomada de posse das instituições e da categorização das heranças culturais dentro das escolhas das elites nacionais que seguiram o ritmo dos movimentos das oligarquias internacionais. Dessa forma, no período de intensificação da modernidade no Brasil há imbricação do uso do patrimônio cultural com a estética forânea que invade e caracteriza a formação da paisagem urbana com feições europeizantes.