UN ARCANGELO COME LIMEN: IL SANTUARIO MICAELICO DEL MONTORFANO TRA STRUTTURA ARCHITETTONICA, RAPPRESENTAZIONE FIGURATIVA E SIMBIOSI DEL SEGNO GRAFFITO

Gianfranco Massetti, Georgios Dimitriadis, Marise Campos de Souza

O templo de São Miguel de Montorfano, em Franciacorta, reproduz em escala reduzida o protótipo do santuário do Monte Sant'Angelo, em Gargano. Entre as características do Santuário, que atestam plenamente as suas origens lombardas, encontra-se a função de limes, que delimitou e protegue ao longo dos séculos uma importante área de trânsito de trilhos neolíticos de pastores e estradas militares romanas, que foram entrelaçadas e sobrepostas por caminhos de peregrinos cristãos e comerciantes. No complexo iconográfico dos frescos entre os séculos XIV e XVI, essa vocação liminar de São Miguel em Rovato é revertida e, como acontece em outros contextos de culto da Península Itálica, na função apotropaica do Santuário na qual o Arcanjo compartilha com a Madonna o papel de “guardiã contra a epidemia”. A presença de uma guarnição francesa neste sítio, sob as ordens de Luís XII, durante a guerra entre a Lega Santa e Veneza, reitera a localização estratégica deste local como área de culto: testemunha disto é o grafito heráldico dos lírios franceses deixados pelos militares como sinal tangível do seu domínio. Nesta circunstância, o sinal grafito filiforme traduz-se num sinal de identidade nacional, operando uma simbiose entre a égide espiritual do Arcanjo na monarquia francesa e o papel liminar tradicional e ele atribuído. No caso do santuário de Rovato, esse marco demonstra, no entanto, a instabilidade ou a permeabilidade de uma fronteira sempre sujeita ao trânsito e ao encontro de diferentes realidades identitárias. Palavras-chave: apotropaico, culto de São Miguel, itinerário de peregrinagem, limes, Monte Sant’Angelo de Gargano