IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO DE OLINDA – PE: ASPECTOS HISTÓRICOS, ARTÍSTICOS E CARACATERIZAÇÃO DO MATERIAL CONSTRUTIVO

Fernando Antônio Guerra de Souza, Henry Socrates Lavalle Sullasi

O conjunto arquitetônico em que reúne o Convento de São Francisco e a Igreja de Nossa Senhora das Neves encontra-se localizado na Ladeira de São Francisco, no Sítio Histórico de Olinda. O referido Sítio Histórico, em 1980, foi declarado Monumento Nacional pelo Congresso Nacional e, foi reconhecido como Patrimônio da Humanidade, em 1982. Implantado como um modelo português de fixação em terras conquistadas apresenta uma harmoniosa composição urbana entre os seus edifícios. O cenário deste trabalho é o Convento de São Francisco e a sua Igreja de Nossa Senhora das Neves, projeto do irmão Frei Francisco dos Santos, em 1585, o mais antigo arquiteto da Ordem Franciscana com atuação no Brasil e, conforme as suas orientações, os frades realizam as primeiras obras de ampliação das edificações recebidas em doação: uma casa de recolhimento e uma pequena igreja, para a instalação dos religiosos, sob a denominação de Nossa Senhora das Neves. As ampliações continuaram tanto no convento quanto na igreja, cabendo ao custódio frei Antônio dos Anjos, durante a sua administração (1627-1630), a conclusão das obras. As obras de ampliação e melhoramentos naquele edifício prolongaram-se, portanto, de 1586 até 1630, quando ocorre a invasão holandesa em Pernambuco. Em 25 de novembro de 1630, a Vila de Olinda é incendiada, juntamente seus edifícios. Durante a ocupação, entre 1630 a 1654, defenderam o território com fortificações tomadas aos portugueses ou construídas por eles, contra os ataques promovidos pelos lusitanos. Mesmo com a Vila em destruição, o Convento esteve abert aberto. Após a rendição dos holandeses, em 1654, o Convento recebe obras de restauração, prolongando-se até meados do século XVIII, ganhando as suas feições atuais, inclusive no interior da igreja. No decorrer dos anos, os Conventos, em Olinda, sofrem com o processo de decadência, processo que se arrasta até o início do surgimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN, em 1937. O Convento de Olinda, de grandes dimensões, era um dos mais atingidos e estava, portanto, a precisar de obras imediatas. Em 1945, tiveram início as obras de restauração, até 1949. Vale salientar e esclarecer que em um edifício desse porte as obras de manutenção devem ser permanentes objetivando a sua conservação. Mesmo com a conclusão, não foi possível realizar uma análise da ossatura dos muros, diante dos diversos momentos de construção e ampliação do edifício, quando da retirada dos rebocos. Em muito, esclareceria inúmeras dúvidas levantadas ao longo dos anos, referente às diversas fases e materiais utilizados na construção. Assim, pretendemos esclarecer essas lacunas referentes à história do edifício e quanto às suas fases e materiais construtivos. Realizamos, portanto, algumas prospecções arqueológicas em quatro coletas nas paredes da capela-mor, que revelaram a presença de moluscos bivalves na composição das argamassas das paredes, indicando uma cal biológica resultado da calcinação destas conchas, coletadas em áreas costeiras nos arredores de Olinda. As análises no laboratório Beta Analytic – radiocarbondating, em Miami, na Flórida, EUA, nos causaram resultados significativos. Palavras-Chave: Igreja de Nossa Senhora das Neves, Convento de São Francisco de Olinda, Caracterização de material construtivo.