Esse artigo tem como principal enfoque estudar as representações culturais da vida e obra de Padre Cícero Romão Batista e as relações de religiosidade, fé e consumo na Feira de São Cristóvão, Rio de Janeiro, entre visitantes, turistas e mantenedores das identidades. Com especial atenção às fontes diversificadas de documentos e objetos sob o poder de “guardiões da memória”, na concepção do lugar, das pessoas e dos objetos e a museologia, aspira-se compreender as relações ali representadas e formadas a partir da combinação de elementos que despertam as mais variadas “identidades” do povo nordestino. Nessa localidade, se concentra a diversidade dos nove estados nordestinos em termos de participação e comunhão do lugar e especialmente as relações ora estabelecidas a partir do lugar de memória identitária, a ser analisada e pensada em termos de concepção do lugar/território. Como metodologia, foi elaborado inventário de bens para direcionar quais os elementos de representação da vida do padre estão condensados nesse espaço, que incluem mobiliário, vestes, documentos e registros manuscritos de pessoas que tiveram contato com ele e de lembranças, memórias e testemunhos vivos. Também foi aplicada pesquisa quantitativa, por meio de questionários estruturados, aplicados para os feirantes e comerciantes e os freqüentadores em geral, numa amostragem de 346 questionários, de forma a compreender as relações entre o turismo, a religiosidade e a imagem do padre Cícero. Como resultado compreendeu-se a partir dos sentidos da manutenção da religiosidade pela cultura popular, pela representação do padre e pela ideia de manter os elos com a terra, a história, e a figura do líder em outros tempos/espaços, as relações entre memória, história e turismo, numa tríade capaz de ampliar as discussões sobre como se forma o patrimônio cultural da religiosidade dos nordestinos nesse recanto.