Este artigo apresenta algumas reflexões sobre os elementos da diáspora africana presentes na paisagem da charqueada São João, um estabelecimento escravista criado no século XIX visando a produção de carne salgada para exportação. Os elementos materiais preservados na senzala no entorno da casa grande já foram alvo de estudos arqueológicos, mas nossa intenção aqui é propor uma leitura a partir da periferia, centrada nas narrativas dos moradores do entorno e das entidades espirituais que cultuam a ancestralidade africana. Compreendemos assim que a arqueologia da diáspora africana não pode se eximir de seu papel social, de compartilhar conhecimentos para além das fronteiras acadêmicas, incluindo os saberes e experiências afro-diaspóricas dos coletivos negros da contemporaneidade. Palavras-chave: Arqueologia da diáspora africana; Paisagem; Territorialidades; Preto Velho; Religiões de Matriz Africana.