O Sumptuoso Interior das Alcáçovas Cristãs: A Alcáçova de Lisboa (Final do séc. XIII- Início do XIV)

Rita A. Melro

Neste artigo, iremos analisar a Alcáçova de lisboa como habitação palaciana durante o reinado de D. Dinis (r. 1279-1325). para o fazer, devido à escassez de fontes e ao facto de o palácio ter sido totalmente destruído ao longo do tempo, é fundamental estabelecer comparações com as informações existentes para outros palacios dos reinos peninsulares cristãos da mesma época. com efeito, durante o período de solidificação desses reinos, o ambiente vivido nas cortes era de elevado nível cultural, devido, sobretudo, a Afonso X de Leão e Castela (r. 1252-1284), avô de d. dinis, que terá influenciado directamente a reorganização do espaço e as vivências dos restantes monarcas peninsulares, assim como as suas acções, relações e gostos. Os soberanos de então cuidavam da sua imagem, não só através da forma sumptuosa como se vestiam e adornavam em cerimónias e no dia-a-dia, mas também da apresentação dos espaços em que se moviam tanto a nível do reino como no interior das suas próprias residências, mostrando características semelhantes. afirmavam o seu poder através de novas construções, apunham os seus sinais em edifícios e objectos, faziam-se acompanhar nos diferentes espaços e cerimónias por preciosos bens dos seus tesouros, criando luxuosos e complexos conjuntos artísticos. a articulação das diferentes peças criava ambientes de profundo equilíbrio visual, harmonia de cores e formas que serviam como modelo e meio de difusão de gostos, mentalidades e ideais.